quarta-feira, 4 de maio de 2011

Arsenal da Esperança

Depois da abolição dos escravos, os imigrantes europeus e japoneses eram alojados onde hoje é o Arsenal da Esperança, então os fazendeiros de café empregavam os que sobreviviam a quarentena.

Quase certeza meu avô e familia estiveram naquele lugar, comeram naquelas mesas e sentaram naqueles bancos de pedra muito bem consevados até hoje. Na época eu não sei, mas hoje tudo muito limpinho e organizado.
Agora estou eu no mesmo lugar, mas, com outro objetivo.

Cortar o cabelos dos moradores de rua acolhidos pelo Arsenal. Praticar corte, talvez seja uma razão egoísta sim, mas não descartada.
Conversando com as colegas da escola, todos sentimos a mesma coisa.
A princípio fazemos uma expectativa errada, imaginamos homens muito sujos e mal educados. E não é isso que encontramos lá!
De cara somos levados para uma sala bem limpinha, com toalhas limpas, café e um delicioso pão feito por eles, numa oficina que ensina a profissão de auxiliar de padeiro com diploma (maquinário doado). Homens, que nos cumprimentam com -Bom dia! antes de sentarem na cadeira e que agradecem quando se levantam, alguns deles até nos desejam sucesso, desejo bem recebido e recíproco.
Depois ganhamos um almoço, o mesmo que comem lá, com todas as calorias informadas, temperatura medida de tempos em tempos, salada, sopa, arroz, feijão e até um grelhado. Tudo delicioso!
Saímos de lá satisfeitas, mais do que pela barriga cheia, com o coração cheio também!
O Marco, um italiano que dedica sua vida e conhecimento ali, nos disse algo muito interessante: Fazemos parte de um processo.
Quando eles estão na rua, a sujeira e o fedor funcionam como escudo, a sociedade não se aproxima e assim eles se protegem e se excluem. Quando resolvem tomar banho, cuidar dos cabelos e dos pés ( tem podólogos voluntários) estão dando o primeiro passo, tirando a armadura para se reintegrarem a sociedade. Conversando com alguns, afirmam que estão cortando o cabelo para tirar fotos para documentos, curriculum.
Espero que mesmo em pequena quantidade, os nossos cortes façam a diferença.

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